PADRE MANUEL ALBUQUERQUE
( BRASIL – AMAZONAS )
Padre MANUEL Rebouças e ALBUQUERQUE nasceu no Estado do Amazonas no Seringal Monte Carmelo no Rio Acuraua no então Município de São Filipe hoje Erunepé, em 16 de junho de 1907.
Filho de pais cearenses: Tomás Rodrigues de Albuquerque e Maria José Rebouças e Albuquerque. Aos dois anos de idade veio com seus pais de mudança, para Santarém do Pará, onde fez os estudos primários na Escola da Professora Rosinha Passos, no Grupo Escolar e no Colégio dos Padres Franciscanos.
Aos 13 anos, foi levado por seu tio materno, Cônego Irineu Rebouças para o Seminário do Tefé, no Amazonas, onde passou 4 anos, seguindo depois para Braga, Portugal, onde completou Humanidades e entrou na Congregação do Espírito Santo. Fez o Noviciado em França, regressou a Portugal, onde se ordenou Sacerdote, e voltou para o Brasil, onde foi missionário no interior do Amazonas, do Acre e do Pará, especialmente nas regiões fronteiriças com Venezuela, Colômbia e Perú.
Foi professor em Braga (Portugal), e em colégios do Amazonas e do Pará, dedicando-se também à Imprensa, em publicações em Portugal e do Brasil. Catequista, professor, jornalista, orador e poeta, escreveu livros e conferências, notas históricas e biográficas, cânticos eucarísticos e marianos, poesias diversas, e muitos hinos escolares para colégios e paróquias da Amazônia.
Falece no Rio de Janeiro em 7 de janeiro de 1977.
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PADRE MANUEL ALBUQUERQUE. De Volta Do Meu Garimpo. SONETOS. Homenagem à Cidade Maravilhosa no quarto centenário de sua fundação: Rio de Janeiro, 1965. Apresentação por Astério de Campos. Rio de Janeiro: Gráfica EYRÚ Limitada, 1965. 165 p.
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, em setembro de 2024.
DE VOLTA AO MEU GARIMPO
À sagrada memória de minha santa Mãe,
eternamente presente e minha ausência:
Fui garimpar nas águas deslumbrantes
Do Sonho e da Poesia, de onde trouxe
Pedras, cascalhos, neste enleio doce
De trazer esmeraldas e diamantes !...
Coração-garimpeiro, não te espantes !...
— O teu Sonho-Arco-Íris acabou-se !...
— Terás rubis e cores ? ! ... — Ai, se fosse
O teu “DEPOIS” todo o contrário do “ANTES” !...
— Teus receios e anseios não reavives !...
— Entrega, cego, às mãos de irmão de ourives
A ganga incerta, a vê-la e a revolvê-la !...
— O pó, nalgum jardim, fecunde a flor;
— E o que for mesmo a pedra de valor
No anel de minha Mãe seja uma estrela !...
Rio de Janeiro, 19 de Outubro de 1963
ETERNAMENTE NO TRONO
Aos meus irmãos sonetistas:
Hão de passar escolas sobre escolas;
Hão de morrer sistemas e sistemas;
Nababos de hoje, em convulsões extremas,
Serão mendigos, viverão de esmolas!...
Mas tu, Soneto, — (e assim tu me consolas!) —
Eternamente rei entre os poemas,
Serás diamante no clarão das gemas,
Brilhando mais se mais nas águas rolas!...
Gaivotas de ouro, sobre nós espalmas
Asas de luz na escuridão dos mares,
Mostrando o rumo e confortando as almas!...
E lá na praia, onde afinal pousares,
Terás devotos que te batam palmas,
Que te levantem catedrais e altares!...
Rio de Janeiro, 8 de setembro de 1964
LÍNGUA PORTUGUESA
Aos poetas do meu Brasil e do Mundo Lusitano:
Instrumento divino de Beleza,
Eu te saúdo, esplêndido buril,
Ó Sacrossanta Língua Portuguesa,
Que cinzelaste a alma do Brasil!...
Lembras a graça etérea de Princesa,
Se escuto a voz de minha Mãe gentil;
— Tens arroubos sublimes de grandeza;
Lembras meu Pai, ousado e varonil!...
Esta é de certo a Língua mais completa,
Esta é a Língua sonora do Poeta,
Que a Mãe de Deus só fala com sorriso!...
Esta é a Língua de todos os encantos;
Esta é a Língua dos Anjos e dos Santos;
Esta é a Língua de Deus no Paraíso!...
Braga, Portugal, Dezembro de 1948.
REGRESSA!...
Ao ilustre e querido amigo PROFESSOR
NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA, o
Mestre invulgar de Português e de Latim:
Regressa!... Volta!... Vem!... ó que saudade imensa
Nós sentimos de ti!... És tão formosa e linda,
E cantavas tão bem, que a gente agora pensa
Que a música morreu e que a Beleza é finda!...
Regressa!... Existe ainda alguém que canta e incensa
Teus carmes divinais!... Aqui serás bem-vinda!...
Não te demores mais!... A nossa dor é intensa!...
É sem nome a saudade!... E tu não vens ainda!...
Regressa!... Em teu lugar campeia um monstro horrendo
E os servos fiéis, aqueles que te adoram,
Estão constantemente em lágrimas gemendo!...
Regressa ao teu Brasil, Imperatriz querida!...
Vem reinar sobre nós!... São tantos os que imploram,
POESIA ETERNAL DA RIMA E DA MEDIDA!...
Braga, Portugal, 26 de Dezembro de 1948.
QUEM É DEUS
A todos os Professores de Catecismo, em todos
os cantos do Brasil, pois serão eles, pelo ensino
da Religião, — que forma e alimenta os verda-
deiros gigantes, — os formadores deste Brasil
melhor com que sonhamos:
Quando Deus me arrancou da escâncara do Nada;
Quando o beijo de Deus nas faces me beijou:
Quando eu, perante a luz da Eterna Madrugada,
Pude cantar, feliz: — “Eu vivo! Eu creio! Eu sou!...”
Quando eu pisando a terra, a terra iluminada,
Pude ver, a sorrir, os Céus que Deus criou:
Quando eu, senhor de mim, na Liberdade amada,
Pude também cantar: — “Eu quero! Eu venho! Eu vou!...”
Quando eu, porque Deus quis, neste palácio imenso,
Pude ver que o Universo humilde, me obedece,
E eu bradei como um Rei: — “Eu crio! Eu mando! Eu
[penso!...”
Quando eu, que vim do Nada, eu me encontrei senhor,
Humilde eu me prostei e pus as mãos em prece,
— pois vi que DEUS É PAI... que DEUS É TODO AMOR!...
Braga, Portugal, Quinta-Feira Santa,
14 de Abril de 1949.
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Página publicada em dezembro de 2024
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